domingo, 6 de maio de 2012

Dor


Depois de muito tempo retorno. Agora sem promessas. Devo a meus leitores um mês de postagens... Perdão, mas acho que não conseguirei pagar. Hoje, quatro meses depois, retorno a postar no Cem Vezes Mais.
Desta vez falo da dor. De todos os sentimentos, ela é o menos humano. A dor não é normal, mas inevitável. Chegamos, na vida, ao ponto de perceber que tudo dói tudo causa em nós uma gota de dor. Dói quando nós mesmos nos ferimos, dói quando as circunstâncias nos ferem, dói mais ainda quando nos ferem e dói muito mais quando ferem alguém que se ama.
A dor é fruto do pecado. Poderia para por aqui, afinal pecado é morte, morte é fim. Mas há no fundo algo de comum na dor. Até mesmo na dor existe esperança. Toda e qualquer dor passa, toda dor tem uma cura... Mas onde está essa cura? É algum remédio? Alguma fórmula? Alguém? Talvez um pouco de tudo isso. Procurar a cura para tantas dores é o que o ser humano tem feito desde o pecado, e onde se encontra um alívio, aí se estaciona, um conforto onde aparentemente sanar a dor ardente. Vão. A dor que se alivia é como o descanso para um guerreiro: para a batalha e descansa, mas volta mais forte, revigorado, pronto a destruir e vingar-se.
Há um modo de encarar da dor? Sim, sentindo-a. Esse é o único modo de encará-la. Fugas são ilusões, remédios, agravantes. Deve haver apenas um caminho, o que chamo Caminho da Dor. É duro, para mim, falar deste caminho, pois ainda não o vivo plenamente, e nem sei se o consigo. Esse é o caminho próprio de Cristo. Não exatamente o do Calvário, mas o olhar para a humanidade que se mata, ao olhar para os incrédulos, para os que vendem a baixíssimo preço a própria alma... Essa é a dor de Cristo, a dor de amar.
Amar é doar, é doer. Eis o Caminho da Dor: o Amor. Não que amar é sentir dor, mas sentir dor é amar. Se associo a dor ao amor, a dor sara, a dor não dói. Esse é o maior dos desafios: encarar a dor como prova de amor. Como se diz: “o ouro é provado no fogo”. De fato, para as melhores jóias o ouro deve sofrer o fogo, ser polido, perder um pouco de si. Assim também nossa alma: provada na dor para alcançar o valor de um tesouro.
Outro dia vi as lágrimas de um grande amigo e ele me perguntava: “como vou olhar para quem me fez sentir tanta dor?” Essa indagação era também minha e tronou-se minha reflexão por dias. Quando num desses dias, em lágrimas já enxutas, olhei para a Santa Cruz, especialmente para o olhar de Jesus. Senti que Jesus me fazia a mesma pergunta que meu amigo: “como olhar para quem me fez sentir tanta dor?” Mas o próprio Jesus me respondia: “Com amor, meu filho! Eu olho para os que me matam com amor. Estou aqui, na cruz, não por sua causa, mas porque te amo, e porque te amo, pago esse preço: minha própria vida por ti.”
E quando eu causo minha dor? Meus irmãos, nós buscamos o que está ao nosso lado, aliás, dentro de nós: Jesus. Ele é a cura para nossas dores... “Vinde a mim todos os que estão cansados e oprimidos, sob o peso de vossos fardos, eu vos aliviarei” (cf. Mt 11,28). Por aqui paro, pois para nós o Amor é a Vida e a Vida, o princípio e o fim.

Paz e Bem
Luciano Tiago Beserra da Silva

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