Falta
pouco para terminar o ano e eu não terminei muitas coisas, alias nem comecei muitas
coisas. Hoje foi mais um dia comum, exceto pelo fato do meu reencontro com a
argila. Por um conceito inovador e chocante nosso presépio esse ano será o mais
incomum possível. Quer vê-lo? Ide a Catedral na noite de Natal.
Pela
manha conversei com meu padre. Foi uma conversa boa que me colocou boas
expectativas para o próximo ano, tanto para mim quanto para a paróquia. Coloquei-me
hoje uma questão... Devo lembrar, e creio que meus amigos leitores já perceberam
que meu diário é de apenas uma palavra por dia: volta, preso, ócio e
fidelidade, que é justamente o que vivi com mais intensidade: hoje, fidelidade.
A
fidelidade é algo difícil, muito difícil de atingir. Não é todo mundo que
valoriza... Estou sendo chato e meu texto monótono... É típico da fidelidade: a
mesma coisa sempre. Ser fiel a uma pessoa, a um estilo, a um dogma, a um grupo
é como manter as mesmas relações intactas sem perspectivas e sem decepções, por
isso é tão difícil. Daí me pergunto: ser fiel é manter padrões? Consulta ao
Aurélio... Fiel: digno de fé; que não falha; com o qual se pode contar. Então em
parte estava certo, ser fiel é manter-se n’algo, todavia não como um padrão,
mas como um valor.
Vocês
que lêem devem estar achando estranho os meus equívocos aparecerem aqui de uma
forma tão clara, mas se não fosse assim não seria fiel. Quero mostrar o
processo da construção do meu texto como o vivo: estou ouvindo The Gossip
(indico) e na TV passa Fina Estampa, alias, acaba de começar A Grande Família.
Vivo
hoje minha fidelidade com as pessoas que cativei, pois sou responsável pelo que
cativei. Mas ser fiel dói. O pior de ser fiel é a falta de reciprocidade e isso
é algo que ainda não aprendi: não esperar algo em troca.
Senti
agora a pútrida vontade de faltar-vos com a fidelidade e deixar o texto por
aqui, sem fim, sem eira nem beira... Mas me dói o coração deixar algo pela
metade. Estou estragado com a decepção e a solidão que experimentei essa noite.
Fiz um convite a um amigo para sair comigo, mas ele recusou e ainda disse “convida
o fulano, ou o ciclano... que tal o beltrano”. A saber, convidei o preso para
ir comigo. Depois de ouvir isso percebi que o preso tratou a si como mais uma
opção para me fazer companhia e eu me senti um chato que procura alguém que
possa me aturar.
Horas
penso em desistir de manter certas amizades, de largar de mão, como dizem. A fraqueza
alheia ao passo que me agonia me fortalece a não desistir. Se não o amasse
tanto... Caro leitor, sinto eu mesmo sua indignação com um texto tão ruim, mas
de árvore ruim não pode sair fruto bom, portanto tenha uma boa noite, amanha te
digo melhor, isso se meu espírito estiver melhor que está hoje... Sai sozinho,
comi besteiras, voltei para casa e dormi, e dormi em todos os sentidos.
Diário de férias #5
Luciano Tiago Beserra
da Silva
Castanhal, 22 de
dezembro de 2011
foto: Hayran, eu e Júlio. Eles são os meus melhores amigos, pessoas por quem estou seguro e comquem não falharei e sempre estarei disponivel.
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