Hoje o dia foi
cheio, mesmo eu tendo acordado as 08h, cedo para alguns, muito atrasado para o
trabalho no meu caso. Fui ao casamento da Lane... Por que as noivas sempre
atrasam? Quinze minutos até que é tolerável, mas uma hora! Enfim. Depois fomos
ao almoço: reguei-me de tucupi, entupi-me de churrasco, em resumo fiquei
pesado. Ah! O matrimônio! Lindo casamento, Lane e Mário formam um belo casal.
Pelas duas fui
para a Catedral, animação missionária. Belíssimo, duzentas pessoas reunidas num
único objetivo, coisa rara de se ver hoje em dia. Falo assim como se fosse um
velho que viveu sua juventude nos anos cinqüenta. Muitos dos meus amados
estavam lá, o que me deixou mais maravilhado ainda. Saí animado, mas um
encontro me desanimou: encontrei com um preso.
A pior coisa
que pode haver na minha vida é ver alguém sofrer sem saber que está sofrendo. É
ver a improdutividade da vida alheia, é como um suicídio lento e doloroso, mas
dói mais em quem assiste. Ver quem você ama morrer lentamente é horrível. Ele,
um dos meus amados, está preso em si mesmo, fechado à vida, à própria vida.
Por certo
tempo é bom estar preso sem saber, assim a liberdade nos é mais saborosa, como
dizem os antigos: o mais difícil é mais gostoso. Todavia quando nós assistimos
essa agonia silenciosa, a agonia é transferida para nós, aliás, para quem tem
um sentimento por alguém, especialmente por que está agonizando. Morte lenta.
Toda essa
situação me fez descobrir meu ponto fraco. Fiquei profundamente tocado por uma
mensagem que recebi no mesmo dia de um querido e amado amigo de Igarapé Açu,
mas fiquei de tal modo que a transcreverei como me foi enviada, com abreviações
e tudo mais: “Reza por me, as vzes n consigo entnd por q certos problemas n acontc
comigo mesmo e sim cm as psoas q amo, acrtando no meu ponto fraco”. Meu ponto
fraco não é meu... é uma dádiva que dói. A dor do outro é a minha dor, a ruína
do outro é minha ruína, o desepero do outro é meu desespero.
Final das
contas: ainda não acabou ainda não acabei. Nesse mesmo domingo ouvi aquela
frasesinha do “Pequeno Príncipe”: “[...] você é responsável pelo que cativa.”
Portanto, eu sou responsável pelos que amo, de um jeito ou de outro não posso,
e nem consigo, me livrar desta responsabilidade, tornou-se algo natural para
mim, sofrer por quem amo, e acho que se não fosse por isso não amaria
realmente.
Para muitos
isso é loucura. E admito: sou louco, e daí?! Esse é meu jeito, meu estilo. É o
que eu acredito. Eu estou preso. Sou prisioneiro do amor. De fato me falta
muito para alcançar o que é realmente o amor, pois mesmo prisioneiro dele,
ainda restam sinais, e muitos sinais, do ódio que vivi.
Sem mais o que dizer, nada mais digo a não ser até logo.
Diário de férias #2
Luciano Tiago Beserra da Silva
Castanhal, 18 de dezembro de 2011
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