terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Preso


Hoje o dia foi cheio, mesmo eu tendo acordado as 08h, cedo para alguns, muito atrasado para o trabalho no meu caso. Fui ao casamento da Lane... Por que as noivas sempre atrasam? Quinze minutos até que é tolerável, mas uma hora! Enfim. Depois fomos ao almoço: reguei-me de tucupi, entupi-me de churrasco, em resumo fiquei pesado. Ah! O matrimônio! Lindo casamento, Lane e Mário formam um belo casal.
Pelas duas fui para a Catedral, animação missionária. Belíssimo, duzentas pessoas reunidas num único objetivo, coisa rara de se ver hoje em dia. Falo assim como se fosse um velho que viveu sua juventude nos anos cinqüenta. Muitos dos meus amados estavam lá, o que me deixou mais maravilhado ainda. Saí animado, mas um encontro me desanimou: encontrei com um preso.
A pior coisa que pode haver na minha vida é ver alguém sofrer sem saber que está sofrendo. É ver a improdutividade da vida alheia, é como um suicídio lento e doloroso, mas dói mais em quem assiste. Ver quem você ama morrer lentamente é horrível. Ele, um dos meus amados, está preso em si mesmo, fechado à vida, à própria vida.
Por certo tempo é bom estar preso sem saber, assim a liberdade nos é mais saborosa, como dizem os antigos: o mais difícil é mais gostoso. Todavia quando nós assistimos essa agonia silenciosa, a agonia é transferida para nós, aliás, para quem tem um sentimento por alguém, especialmente por que está agonizando. Morte lenta.
Toda essa situação me fez descobrir meu ponto fraco. Fiquei profundamente tocado por uma mensagem que recebi no mesmo dia de um querido e amado amigo de Igarapé Açu, mas fiquei de tal modo que a transcreverei como me foi enviada, com abreviações e tudo mais: “Reza por me, as vzes n consigo entnd por q certos problemas n acontc comigo mesmo e sim cm as psoas q amo, acrtando no meu ponto fraco”. Meu ponto fraco não é meu... é uma dádiva que dói. A dor do outro é a minha dor, a ruína do outro é minha ruína, o desepero do outro é meu desespero.
Final das contas: ainda não acabou ainda não acabei. Nesse mesmo domingo ouvi aquela frasesinha do “Pequeno Príncipe”: “[...] você é responsável pelo que cativa.” Portanto, eu sou responsável pelos que amo, de um jeito ou de outro não posso, e nem consigo, me livrar desta responsabilidade, tornou-se algo natural para mim, sofrer por quem amo, e acho que se não fosse por isso não amaria realmente.
Para muitos isso é loucura. E admito: sou louco, e daí?! Esse é meu jeito, meu estilo. É o que eu acredito. Eu estou preso. Sou prisioneiro do amor. De fato me falta muito para alcançar o que é realmente o amor, pois mesmo prisioneiro dele, ainda restam sinais, e muitos sinais, do ódio que vivi.
Sem mais o que dizer, nada mais digo a não ser até logo.
Diário de férias #2
Luciano Tiago Beserra da Silva
Castanhal, 18 de dezembro de 2011 

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