terça-feira, 22 de maio de 2012

má como?

                                                                                                         Como um blog vive sem postagens? Pois é!! Prá encher linguiça mostro minhas artes... quero dizer, meus rascunhos... As vezes, quando não vejo o que fazer, desenho ou escrevo, na maioria das vezes desenho, e ai decido depois o que vou fazer com os desenhos. Com esses decidi postar no 100 x + antes de vetorizar, colorir, etc e tal... Bom, veja e comentem, preciso saber da opinião de vocês, poucos mas fiéis leitores, pois um dia poderei ganhar uns trocados com esses desenhos...



A Joyful Noise - homenagem ao novo album do Gossip
Psicho - Uma mente insana mas sábia
Cinza - Pensei na morte e na vida e busquei expressar esse efeito numa imagem e numa cor: o cinza

Hair - Já postado no Facebook, lembra meus tempos de basquete
Woodtp - Tipo de madeira

domingo, 6 de maio de 2012

Dor


Depois de muito tempo retorno. Agora sem promessas. Devo a meus leitores um mês de postagens... Perdão, mas acho que não conseguirei pagar. Hoje, quatro meses depois, retorno a postar no Cem Vezes Mais.
Desta vez falo da dor. De todos os sentimentos, ela é o menos humano. A dor não é normal, mas inevitável. Chegamos, na vida, ao ponto de perceber que tudo dói tudo causa em nós uma gota de dor. Dói quando nós mesmos nos ferimos, dói quando as circunstâncias nos ferem, dói mais ainda quando nos ferem e dói muito mais quando ferem alguém que se ama.
A dor é fruto do pecado. Poderia para por aqui, afinal pecado é morte, morte é fim. Mas há no fundo algo de comum na dor. Até mesmo na dor existe esperança. Toda e qualquer dor passa, toda dor tem uma cura... Mas onde está essa cura? É algum remédio? Alguma fórmula? Alguém? Talvez um pouco de tudo isso. Procurar a cura para tantas dores é o que o ser humano tem feito desde o pecado, e onde se encontra um alívio, aí se estaciona, um conforto onde aparentemente sanar a dor ardente. Vão. A dor que se alivia é como o descanso para um guerreiro: para a batalha e descansa, mas volta mais forte, revigorado, pronto a destruir e vingar-se.
Há um modo de encarar da dor? Sim, sentindo-a. Esse é o único modo de encará-la. Fugas são ilusões, remédios, agravantes. Deve haver apenas um caminho, o que chamo Caminho da Dor. É duro, para mim, falar deste caminho, pois ainda não o vivo plenamente, e nem sei se o consigo. Esse é o caminho próprio de Cristo. Não exatamente o do Calvário, mas o olhar para a humanidade que se mata, ao olhar para os incrédulos, para os que vendem a baixíssimo preço a própria alma... Essa é a dor de Cristo, a dor de amar.
Amar é doar, é doer. Eis o Caminho da Dor: o Amor. Não que amar é sentir dor, mas sentir dor é amar. Se associo a dor ao amor, a dor sara, a dor não dói. Esse é o maior dos desafios: encarar a dor como prova de amor. Como se diz: “o ouro é provado no fogo”. De fato, para as melhores jóias o ouro deve sofrer o fogo, ser polido, perder um pouco de si. Assim também nossa alma: provada na dor para alcançar o valor de um tesouro.
Outro dia vi as lágrimas de um grande amigo e ele me perguntava: “como vou olhar para quem me fez sentir tanta dor?” Essa indagação era também minha e tronou-se minha reflexão por dias. Quando num desses dias, em lágrimas já enxutas, olhei para a Santa Cruz, especialmente para o olhar de Jesus. Senti que Jesus me fazia a mesma pergunta que meu amigo: “como olhar para quem me fez sentir tanta dor?” Mas o próprio Jesus me respondia: “Com amor, meu filho! Eu olho para os que me matam com amor. Estou aqui, na cruz, não por sua causa, mas porque te amo, e porque te amo, pago esse preço: minha própria vida por ti.”
E quando eu causo minha dor? Meus irmãos, nós buscamos o que está ao nosso lado, aliás, dentro de nós: Jesus. Ele é a cura para nossas dores... “Vinde a mim todos os que estão cansados e oprimidos, sob o peso de vossos fardos, eu vos aliviarei” (cf. Mt 11,28). Por aqui paro, pois para nós o Amor é a Vida e a Vida, o princípio e o fim.

Paz e Bem
Luciano Tiago Beserra da Silva

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Fidelidade


                Falta pouco para terminar o ano e eu não terminei muitas coisas, alias nem comecei muitas coisas. Hoje foi mais um dia comum, exceto pelo fato do meu reencontro com a argila. Por um conceito inovador e chocante nosso presépio esse ano será o mais incomum possível. Quer vê-lo? Ide a Catedral na noite de Natal.
                Pela manha conversei com meu padre. Foi uma conversa boa que me colocou boas expectativas para o próximo ano, tanto para mim quanto para a paróquia. Coloquei-me hoje uma questão... Devo lembrar, e creio que meus amigos leitores já perceberam que meu diário é de apenas uma palavra por dia: volta, preso, ócio e fidelidade, que é justamente o que vivi com mais intensidade: hoje, fidelidade.
                A fidelidade é algo difícil, muito difícil de atingir. Não é todo mundo que valoriza... Estou sendo chato e meu texto monótono... É típico da fidelidade: a mesma coisa sempre. Ser fiel a uma pessoa, a um estilo, a um dogma, a um grupo é como manter as mesmas relações intactas sem perspectivas e sem decepções, por isso é tão difícil. Daí me pergunto: ser fiel é manter padrões? Consulta ao Aurélio... Fiel: digno de fé; que não falha; com o qual se pode contar. Então em parte estava certo, ser fiel é manter-se n’algo, todavia não como um padrão, mas como um valor.
                Vocês que lêem devem estar achando estranho os meus equívocos aparecerem aqui de uma forma tão clara, mas se não fosse assim não seria fiel. Quero mostrar o processo da construção do meu texto como o vivo: estou ouvindo The Gossip (indico) e na TV passa Fina Estampa, alias, acaba de começar A Grande Família.
                Vivo hoje minha fidelidade com as pessoas que cativei, pois sou responsável pelo que cativei. Mas ser fiel dói. O pior de ser fiel é a falta de reciprocidade e isso é algo que ainda não aprendi: não esperar algo em troca.
                Senti agora a pútrida vontade de faltar-vos com a fidelidade e deixar o texto por aqui, sem fim, sem eira nem beira... Mas me dói o coração deixar algo pela metade. Estou estragado com a decepção e a solidão que experimentei essa noite. Fiz um convite a um amigo para sair comigo, mas ele recusou e ainda disse “convida o fulano, ou o ciclano... que tal o beltrano”. A saber, convidei o preso para ir comigo. Depois de ouvir isso percebi que o preso tratou a si como mais uma opção para me fazer companhia e eu me senti um chato que procura alguém que possa me aturar.
                Horas penso em desistir de manter certas amizades, de largar de mão, como dizem. A fraqueza alheia ao passo que me agonia me fortalece a não desistir. Se não o amasse tanto... Caro leitor, sinto eu mesmo sua indignação com um texto tão ruim, mas de árvore ruim não pode sair fruto bom, portanto tenha uma boa noite, amanha te digo melhor, isso se meu espírito estiver melhor que está hoje... Sai sozinho, comi besteiras, voltei para casa e dormi, e dormi em todos os sentidos.
Diário de férias #5
Luciano Tiago Beserra da Silva
Castanhal, 22 de dezembro de 2011
foto: Hayran, eu e Júlio. Eles são os meus melhores amigos, pessoas por quem estou seguro e comquem não falharei e sempre estarei disponivel.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Ócio


Dormir faz muito bem. Hoje eu dormi. Dormi muito. Experimentei ficar deitado assistindo Sakura CardCaptors, depois de terminar As Crônicas de Nárnia, mas o sono foi mais forte... Dormi das quatro às seis e quarenta. Enquanto o resto do dia foi o mais comum possível... Um sentimento de ócio... Até pecado pronunciar. Vi bailarinas, dançarinas, coisas lindas, tão leves que contagiam, plumas no ar girando, girando, deixam tonto e fazem dormir.
                Fora essa sonolência toda, escutei hoje, e escuto agora, Siete Camiños, Rosa de Saron. É bem diferente e arrepiante ouvi-los cantar noutras línguas. Fiquei feliz e reflexivo por ouvir de novo músicas tão fortes, tanto no ritmo quanto nas letras. Ouço com outros ouvidos, me parecem mais profundos, mais agudos no que diz respeito ou toque no sentimento que desconheço, mesmo que o sinta.
São horas em que eu queria um abraço, de não sei quem, não sei como. Ontem convidei o Hayran para ir ao cinema comigo e ele deixou escapulir um “por que você não convida a...” Depois que ela me deixou uma melancolia me tomou intensamente, fica sempre faltando uma presença. Nesse exato momento, enquanto escrevo procuro alguém para conversar e[...] de repente, é sério, de repente, enquanto escrevia a última frase antes dos colchetes, aparece aqui em casa um amigo com um cartão de Natal e um abraço. Agora, sinceramente, senti vontade de mudar o título do post, mas não posso. Essa visita inesperada me reavivou, bem como as músicas do Rosa, que alias muita coincidentemente é a banda favorita desse amigo que me visitara.
Meu Deus é perfeito. Não consigo entender essas loucas coincidências da vida, principalmente num momento tão ocioso das minhas férias, o Natal à porta, do jeito que estou na situação que estou... Vou fazer o que eu mesmo disse e aprendi da Virgem: vou guardar tudo no coração. Eu sempre terei mais uma chance, sempre poderei vencer a meus próprios defeitos, apesar de ainda me ver como um brinquedo torto.
O amigo que veio me visitar entra ano que vem no seminário. Rezo por ele. E eu, onde fico nesta história? Vejo cada capitulo da vida passar e perguntas permanecem, permanecem me atormentando. Minha liberdade não será ferida, mas quero que seja feio em mim o que for melhor, a vontade daquele que é.
Diário de férias #4
Luciano Tiago Beserra da Silva
Castanhal, 21 de dezembro de 2011

Prazer


                Desfalquei um dia do diário, mas a segunda feira é sempre muito comum, não há muito que dizer. Mesmo eu tendo ido a Escola da Palavra pela noite e ter ficado maravilhado com as coisas que ouvi e que vi.
                Nesta terça, meu descontentamento foi compensado pela música. Nos últimos anos não encontrei melhor companhia para qualquer hora, senão a do meu Senhor. Se a música tomasse forma física, humana e feminina eu casaria com ela. Sei bem que seria difícil casar com uma dama com tantos pretendentes, mas eu a amo e tenho muito respeito. Seja ela como for eu gosto dela e se algo me incomoda... Eu a respeito.
                A música é moça para se colocar em redoma de vidro, ornada com flores, exalando seu próprio perfume misturado ao das flores e ao lado do seu amado marido que tanto a ama: eu. O único pesar, mais meu que dela, seria a morte. Não poderia gozar de sua presença eternamente. A música é um prazer que só terei enquanto for vivo... Ou enquanto não estiver surdo.
                Cada música tornou-se para mim uma droga, uma pílula anestésica e alucinógena: levam-me a loucas viagens de três ou cinco minutos. E, como toda droga, vicia e causa danos a saúde. Um amigo fonoaudiólogo disse que se continuasse desse jeito ficarei com problemas irreversíveis no aparelho auditivo. Mas eu não escuto esses conselhos (quase literalmente). Já estou mergulhado nessa droga e não consigo passar um dia se quer sem minha dose de quinze ou trina músicas.
                Além desses tenho outros “prazeres zinhos”: vatapá, filme, guaraná, pão com requeijão, desenhar na Catedral, abraço nos amigos, quando meu amigo estrala os dedos do meu pé, etc. não vou citar todos, não convém. Mas como disse são “prazeres zinhos”, curtos, rápidos, momentâneos, mas gostosos.
                Meu amado amigo (Hayran) e eu sempre fazemos umas coisinhas incomuns: compramos pão, queijo, presunto e refrigerante e comemos na primeira, ou na mais confortável, calçada que encontrarmos. Hoje fizemos isso. E conversamos bastante sobre o prazer.
                Deixei o parágrafo anterior menos que devia, mas nossa conversa é apenas nossa, basta saber o conteúdo e minhas conclusões. Nós precisamos de um prazer que não finda. Chega dessas coisinhas bobas que se acabam como estrelas cadentes, que se vão com os segundos... Preciso, agora falo especialmente por mim, de um prazer eterno ou que pelo menos, para começar, durem e que eu possa transmiti-lo. De volta ao diário de antes de ontem (Preso): esses “prazeres zinhos” são nossas, minhas, maiores prisões. Isso me impede de sentir um prazer maior e mais útil para mim e para os meus.
                Cada dia que passa é uma carta que escrevo e que rasgo, é um prazer que vivo para morrer. Dias são dias enquanto eu for o que sou mesmo metamorfoseando n’algo que muitas vezes desconhecido. Afinal meus prazeres agora são escrever e mudar.
Diário de férias #3
Luciano Tiago Beserra da Silva
Castanhal, 20 de dezembro de 2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Preso


Hoje o dia foi cheio, mesmo eu tendo acordado as 08h, cedo para alguns, muito atrasado para o trabalho no meu caso. Fui ao casamento da Lane... Por que as noivas sempre atrasam? Quinze minutos até que é tolerável, mas uma hora! Enfim. Depois fomos ao almoço: reguei-me de tucupi, entupi-me de churrasco, em resumo fiquei pesado. Ah! O matrimônio! Lindo casamento, Lane e Mário formam um belo casal.
Pelas duas fui para a Catedral, animação missionária. Belíssimo, duzentas pessoas reunidas num único objetivo, coisa rara de se ver hoje em dia. Falo assim como se fosse um velho que viveu sua juventude nos anos cinqüenta. Muitos dos meus amados estavam lá, o que me deixou mais maravilhado ainda. Saí animado, mas um encontro me desanimou: encontrei com um preso.
A pior coisa que pode haver na minha vida é ver alguém sofrer sem saber que está sofrendo. É ver a improdutividade da vida alheia, é como um suicídio lento e doloroso, mas dói mais em quem assiste. Ver quem você ama morrer lentamente é horrível. Ele, um dos meus amados, está preso em si mesmo, fechado à vida, à própria vida.
Por certo tempo é bom estar preso sem saber, assim a liberdade nos é mais saborosa, como dizem os antigos: o mais difícil é mais gostoso. Todavia quando nós assistimos essa agonia silenciosa, a agonia é transferida para nós, aliás, para quem tem um sentimento por alguém, especialmente por que está agonizando. Morte lenta.
Toda essa situação me fez descobrir meu ponto fraco. Fiquei profundamente tocado por uma mensagem que recebi no mesmo dia de um querido e amado amigo de Igarapé Açu, mas fiquei de tal modo que a transcreverei como me foi enviada, com abreviações e tudo mais: “Reza por me, as vzes n consigo entnd por q certos problemas n acontc comigo mesmo e sim cm as psoas q amo, acrtando no meu ponto fraco”. Meu ponto fraco não é meu... é uma dádiva que dói. A dor do outro é a minha dor, a ruína do outro é minha ruína, o desepero do outro é meu desespero.
Final das contas: ainda não acabou ainda não acabei. Nesse mesmo domingo ouvi aquela frasesinha do “Pequeno Príncipe”: “[...] você é responsável pelo que cativa.” Portanto, eu sou responsável pelos que amo, de um jeito ou de outro não posso, e nem consigo, me livrar desta responsabilidade, tornou-se algo natural para mim, sofrer por quem amo, e acho que se não fosse por isso não amaria realmente.
Para muitos isso é loucura. E admito: sou louco, e daí?! Esse é meu jeito, meu estilo. É o que eu acredito. Eu estou preso. Sou prisioneiro do amor. De fato me falta muito para alcançar o que é realmente o amor, pois mesmo prisioneiro dele, ainda restam sinais, e muitos sinais, do ódio que vivi.
Sem mais o que dizer, nada mais digo a não ser até logo.
Diário de férias #2
Luciano Tiago Beserra da Silva
Castanhal, 18 de dezembro de 2011